sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Hospedaria Horta Barbosa de Juiz de Fora/MG



Hospedaria para imigrantes em Minas Gerais


Estado de Minas Gerais promoveu, por meio da lei n. 32 de 18 de junho de 1892, a imigração de trabalhadores agrícolas e industriais. Para tal, mantinha, sob responsabilidade do Secretário de Agricultura, escritórios de imigração preparados para a propaganda do Estado e para fornecer todas as informações que pudessem interessar ao imigrante.

Agentes nacionais e estrangeiros eram encarregados de divulgar as vantagens que o imigrante poderia aqui encontrar: as riquezas naturais, a amenidade do clima, a índole pacífica de seus habitantes; além da concessão de alguns benefícios, como a indenização de passagem, trânsito livres nas estradas de ferro, facilidade em adquirir terras e auxílio na introdução de novas culturas.

(Estação Central do Brasil, Juiz de Fora, década de 1910)


Para facilitar a fiscalização do recebimento no Estado e a definição do destino final dos imigrados, o Estado fora dividido em 5 distritos: 1º distrito com sede em Juiz de fora; 2º distrito com sede em Leopoldina; 3º distrito com sede em Saúde; 4º distrito com sede em Varginha e 5º distrito com sede em Uberaba. As municipalidades criaram, então, hospedarias para a recepção e agasalho dos imigrantes. O funcionamento era regulado pelo governo que também auxiliava na manutenção dessas hospedarias.

O serviço de introdução de imigrantes era fiscalizado pela Repartição de Terras e Colonização, (criada em 1891, era subordinada à Secretaria de Governo e posteriormente passou a ser subordinada à Secretaria de Agricultura), por meio de emissários nos pontos de partida e por agentes fiscais nas zonas de recebimento. No porto do Rio de Janeiro, o governo mantinha um funcionário responsável por receber os imigrantes e encaminhá-los para o Estado.

(Foto da Hospedaria Horta Barbosa)
Hospedaria Horta Barbosa existiu em Juiz de Fora, Minas Gerais, a partir de agosto de 1888, no bairro da Tapera, atual Santa Terezinha, e foi desativada na primeira década do século XX. No local, hoje, encontra-se o 2º Batalhão de Polícia Militar.

Esta hospedaria, a maior e mais duradoura do Estado, funcionava como ponto de acolhida aos imigrantes que chegavam de diversos portos, principalmente do Rio de Janeiro, com destino a Minas Gerais. Os imigrantes que chegavam pelo porto do Rio de Janeiro, após meses de viagem, eram recebidos na Hospedaria de imigrantes da Ilha das Flores (veja aqui), ou outras em outros Estados, e depois remanejados a seus destinos pelos contratadores, apelidados de “gatos”. As hospedarias de imigrantes eram estruturas especialmente criadas para receber estrangeiros recém-chegados ao Brasil.

Localizar a Hospedaria na região foi uma decisão estratégica: além de centro da mais importante área de cultura de café de Minas Gerais, Juiz de Fora era ponto de entrada no Estado, já que muito próxima do Rio de Janeiro, ao qual se ligava por rodovia (a estrada União e Indústria) e ferrovia.

(Livro de registro de entrada de imigrantes)
A Hospedaria de imigrantes Horta Barbosa de Juiz de Fora era destinada a receber, dar agasalho e alimentação por até cinco dias, àqueles que haviam se transferido para o Estado e que, do ponto de desembarque, não haviam sido dirigidos para outras hospedarias. Entre as várias atribuições dos funcionários da hospedaria, cabia-lhes escriturar e ter em dia o livro de matrícula dos imigrantes que ali chegavam: portugueses, espanhóis e italianos, em grande maioria.

O prazo máximo de cinco dias para permanência do imigrante muitas vezes se estendia, pois os estrangeiros não raro passavam lá mais tempo, aguardando que fossem escolhidos para o trabalho. Existem notícias que relatam a sujeira, promiscuidade, falta de medicamentos e higiene, que transformava as levas de pessoas em autêntico carregamento de “gado”.

Nas hospedarias, os imigrantes italianos eram visitados por fazendeiros que lhes ofereciam contratos de trabalho. O contrato era estipulado de forma verbal sem nenhuma garantia de que fosse integralmente cumprido conforme o combinado.

(Sede do 2º Batalhão da PMMG)
Os fazendeiros, acostumados com o regime da escravidão, sem ter absorvido ainda a Lei Áurea - de abolição da escravatura, que para muitos trouxe prejuízos - passavam em revista os imigrantes que mais interessavam ao serviço da lavoura, da plantação do café e para os serviços domésticos, como se estivessem ainda escolhendo escravos, exigindo deles os mesmos requisitos das antigas compras de cativos.

A Hospedaria Horta Barbosa funcionou em Juiz de Fora, Minas Gerais, de agosto de 1888 até a primeira década do século XX. A localização da Hospedaria era estratégica. Além de ser uma importante região de cultura de café em Minas Gerais, Juiz de Fora era ponto de entrada no estado, pois era ligada ao Rio de Janeiro por rodovia e ferrovia.

No acervo do Arquivo Público Mineiro pode ser encontrado um significativo conjunto de documentos que testemunham esse episódio da História Mineira. Entre esses, destacam-se alguns dos códices que registram a entrada de imigrantes nas hospedarias mantidas pelo governo estadual, em sua maioria registros da Hospedaria Horta Barbosa, em Juiz de Fora que inclui os imigrantes que foram para São João Del Rei.

Você pode realizar sua pesquisa acessando aqui: Arquivo Público Mineiro – APM.

4 comentários:

  1. Por favor, procuro por meu avô Antonio Salvatori

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  2. procuro nome de meu bisavô Gerolano Pompei

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  3. Procuro sobre família Zaparoli ( não tenho certeza se é esta a escrita certa) meu avô saiu de SP no início do século 20 e veio para Minas, teve que alterar nome por perseguição a italianos.

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