domingo, 6 de novembro de 2016

Primeiros conflitos

Alguns Transtornos


Mencionamos, anteriormente, que alguns conflitos começaram a surgir para a colocação dos imigrantes, vindos de Juiz de Fora e destinados ao trabalho nas fazendas. Vejamos as causas de tais transtornos:

Os imigrantes destinados às fazendas começaram a chegar a partir de fins de outubro. Ora, nesta data já estavam sendo feitos os preparativos para a recepção dos colonos destinados ao núcleo colonial e deste fato tomavam imediato conhecimento. Dessa forma a perspectiva de se tornaram independentes e proprietários em um núcleo administrativamente estruturado os atraía muito mais e por melhores que fossem as condições de trabalho oferecidas pelos fazendeiros, eles sistematicamente recusavam.

Ficavam na Hospedaria, sem destino, aguardando uma ilusória entrega de novos lotes, que há muito haviam se esgotado. Faziam petições constantes sempre com a argumentação de que desejavam ir para a Colônia, onde encontrariam amigos e parentes, insistindo em desconhecer o fato de que a lotação do núcleo estava esgotada. Assim ficavam os fazendeiros sem os colonos e estes, sem os desejados lotes!

Estes fatos culminaram com a exoneração injusta do Coronel Severiano, que desgostoso deixava a Direção da Hospedaria, sendo nomeado em seu lugar o Dr. Armênio, logo nos primeiros dias de janeiro de 1889, que tentou em vão resolver o problema nos três meses que se seguiram. Na Hospedaria se encontravam então 24 famílias, sem destino.

A atuação do Coronel Severiano à frente da Hospedaria havia sido tão humana e eficiente que, em documento público, os imigrantes agradeceram a sua atuação (foi publicado no “Arauto de Minas”, n.º 29).

Além da substituição do Diretor da Hospedaria outro fato importante ocorreria naquele período, ou seja, os fazendeiros, na tentativa de impor um sistema semiescravagista aos imigrantes, começaram a desrespeitar os contratos de trabalho firmados e motivaram, como conseqüência, a saída das famílias de suas fazendas, que se deslocavam desprotegidas para o único reduto disponível: a Hospedaria.

E nos fins de março de 1889 se encontravam ali hospedadas nada menos do que 54 famílias, que obstinadamente insistiam em serem instaladas na Colônia, recusando o deslocamento para outros núcleos ou a volta ao trabalho nas fazendas. Nesta data somente eles ocupavam a Hospedaria da Cidade, uma vez que o Dr. Armênio já havia instalado outra, mais modesta, no Matosinhos, enquanto aguardava a decisão do Governo Provincial, em relação aos imigrantes ali alojados, para poder fechá-la. Somente mais tarde, em maio de 1889, com o deslocamento daquelas famílias, foi possível o fechamento definitivo da Hospedaria da Cidade.


Contabilizando todos os recursos despendidos pelo Governo, o Dr. Armênio demonstra ter recebido o total de 36.744$939. E para se ter uma pálida idéia do que este valor representava basta dizer que, se todo esse recurso fosse direcionado unicamente para a construção das 180 casas necessárias, não se conseguiria construir, economicamente, nem 100 delas.

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